Os highlights da Paris Fashion Week

 

Mais uma temporada de desfiles terminou e como sempre Paris encerra o calendário fashion. Nesta semana de moda muitas novidades aconteceram e vários detalhes para ficar de olho, principalmente em tendências de silhueta. 

A semana de moda de Paris começou dia 28/02, na última terça-feira e encerrou hoje, 07/03. Desta vez, a Louis Vuitton sob o comando de Nicolas Ghesquière não fechou a fashion week como de costume e deu espaço para a Y/Project, que possui direção criativa de Glenn Martens, mesmo nome por trás das coleções da

Um dos retornos mais esperados dessa semana foi Paco Rabanne. Ele já havia se aposentado, entretanto o falecimento no começo de fevereiro foi um marco para a história da moda. Outro nome que deu o que falar foi Schiaparelli, Daniel Roseberry que só vinha apresentando as coleções de Haute Couture da marca, finalmente aterrissou no prêt-à-porter. 

Confira o overview de algumas marcas que desfilaram na semana de moda de Paris e apresentaram suas coleções de outono/inverno 2024:


Dior

Maria Grazia Chiuri revisita mais uma vez não somente os arquivos da própria maison, mas também o da história mundial. Ela volta no tempo e traz referências do pós 2ª Guerra, com foco em 3 mulheres grandes e poderosas para Christian Dior.

A primeira mulher é sua irmã Catherine Dior, a segunda é a Juliette Gréco, que era atriz e cantora, por último Edith Piaf. Todos sabem que Dior foi responsável pelo New Look e se você quiser saber mais sobre esse homem que revolucionou a moda, é só clicar aqui que a gente tem um post inteiro dedicado a ele.  

Nesta coleção ela faz uma mistura entre sua vida como italiana e as referências femininas que teve em casa, como sua mãe e avó, mulheres que também passaram pela Guerra na Europa. Vimos uma releitura muito sensível dos códigos da maison francesa, que resultou em uma coleção sóbria, sexy e muito atual.



Saint Laurent

Elegância. Essa é a palavra que define o desfile da Saint Laurent. Anthony Vaccarello que é o diretor criativo da marca também faz uma visita ao acervo da maison e traz referências dos anos 70, com silhueta estruturada vista nas ombreiras grandes e na saia justa com comprimento até o joelho. 

No desfile não há pirotecnia, tudo é construído de forma muito sóbria. Apenas 3 elementos importam ali: a passarela, a mulher e a roupa. E essa última por sinal é incrivelmente trabalhada. 

O estilista também mostra elegância no trabalho da maison com a seda, veludo e chiffon, em laços grandes  que se arrastam pelo chão. A mulher que Saint Laurent mostrou na passarela dessa temporada não é mais uma garota, ela tem autonomia sobre si mesma e é poderosa, sabe decidir e escolher. Ela está em uma outra fase da vida, por isso o dress code de trabalho é tão

Paco Rabanne 

A maison fundada pelo espanhol radicado na França, Francisco Rabaneda Cuervo, apresentou nesta temporada a primeira coleção após o falecimento dele no começo de fevereiro. O estilista foi um dos nomes que revolucionou a moda nos anos 60, apresentando novas silhuetas, com uma estética mais futurista. 

A coleção assinada pelo diretor criativo Julien Dossena foi uma homenagem aos códigos da marca. Ele, assim como tantos outros estilistas, decidiram nesta temporada abraçar e imergir nos arquivos de suas respectivas casas, para mostrar que é necessário voltar ao passado para continuar construindo um caminho rumo ao futuro. 

Inspirado também nas obras surrealistas de Salvador Dalí, do qual Paco Rabanne era muito amigo, as peças ganharam vida não somente através das roupas, mas também nos acessórios. Estampas que remetem a quadros famosos do artista estavam presentes e misturados com a estética de Rabanne em mini vestidos de cota de malha metálica. A coleção foi uma verdadeira homenagem ao estilista que tanto influenciou na moda que temos hoje em



Schiaparelli

A marca que até então só se apresentava nos desfiles de Haute Couture finalmente teve seu debut no prêt-à-porter parisiense, e foi uma celebração à mulher. Daniel Roseberry entrou na marca em 2019 e teve um desafio importante e difícil, que era atualizar os códigos da casa para o século 21. Ele conseguiu fazer isso com maestria, tanto que hoje em dia a maison é uma das mais desejadas pelos fashionistas. 

Aqui no blog da Gringa nós já falamos sobre a marca e sua última apresentação na semana de moda de Alta-Costura. O novo desafio agora era mostrar uma roupa mais real, sem muito do fantasioso que a Alta-Costura tem. le não mediu esforços e entregou um resultado impecável, ainda com um toque de sonho.

O desfile tem um ar dos anos 70, com muita elegância e também referência a estética da marca. Daniel mostrou que é possível usar Schiaparelli no

 


Alexander McQueen

Nesta coleção, Sarah Burton, diretora criativa da marca desde a morte de McQueen, mostrou que domina quando o assunto é alfaiataria. No blog da Gringa, também já falamos sobre esse estilista e você confere aqui.

O desfile começa com Naomi Campbell caminhando na passarela com um vestido preto, cintura e busto marcados por um corset. A coleção em si tem peças muito bem estruturadas e com formas assimétricas. Trench coat com estampas aumentadas de orquídeas, ternos com risca de giz, vestidos com babados que caem e desenham o corpo da mulher.

A inspiração é sobre a anatomia do ser humano, das roupas, das flores. Uma imersão e dissecação desses três, onde Sarah Burton coloca ao avesso e desenvolve uma coleção cheia de personalidade própria, mas com a sensibilidade de McQueen.

O olhar de Sarah também se volta para um dos icônicos desfiles de McQueen em 1998, inspirado em Joana d’Arc. O fogo, o vermelho e a intensidade que o estilista trouxe na época foram traduzidos de forma mais sutis e dava para perceber nas entrelinhas de cada peça de roupa. Tais roupas, que vestiam homens e mulheres, ou melhor, pessoas, porque, para McQueen, não há distinção de


Durante a semana de moda aconteceram outros desfiles super interessantes como o da Coperni, que levou à passarela um robô que interagia com as modelos, novamente com essa ideia do homem e a tecnologia, também visto  no último desfile quando eles construíram uma roupa ao vivo no corpo de Bella Hadid. 


Outra marca que também tinha grandes expectativas era a Balenciaga, após um período conturbado, a maison retorna às passarelas e tentou uma narrativa “diferente” desta vez, nada de show com pirotecnia, o foco são as roupas e a construção delas, porém algumas delas nós já vimos anteriormente em questão de silhueta e por isso, não há nada de novo sob o sol. 

Por fim, a Paris Fashion Week sempre teve voz ativa e se destaca entre as outras semanas de moda. Foi perceptível em todos os desfiles que os diretores criativos fecharam um acordo, que era dar palco à elegância. A roupa fala, e desta vez falou em alto e bom som que novos tempos devem vir. Um bom corte, uma alfaiataria impecável, um costura perfeita, mínimos detalhes, cores sóbrias, e não se engane que é só por conta do inverno europeu.

Todos esses aspectos importam quando estamos falando de moda, é sempre bom lembrar que menos é mais, e no fim das contas o que fica marcado e vai pra dentro do closet são as roupas. São elas que nos vestem todos os dias e fazem parte de cada ambiente que estamos.

 

 

 

Escrito por Jefté Leal