História da Gringa: Quem foi Alexander McQueen
Na data de hoje, há 13 anos atrás, o mundo da moda não estava preparado para receber uma notícia que deixaria todos chocados, a morte de Lee Alexander McQueen. O estilista britânico foi encontrado morto em sua própria casa após cometer suicídio, um fim trágico para alguém que teve uma carreira curta, mas ainda assim espetacular.
Quando tudo começou…
O estilista nasceu em Londres em 17 de março de 1969, pisciano, caçula de seis, e desde jovem sempre mostrou rebeldia, tanto que aos 16 anos ele saiu da escola e se tornou aprendiz de alfaiate na London’s Anderson & Sheppard, situada em uma das ruas mais famosas da cidade, a Savile Row. Lá eram feitos ternos sob medida para grandes nomes como Príncipe Charles e outros.
Além disso, ele trabalhou como assistente de design de outros dois estilistas, primeiro foi com o japonês Koji Tatsuno e depois com o italiano Romeo Gigli, quando decidiu passar uma temporada em Milão.
Quando retornou da Itália ele se matriculou numa faculdade, e em 1990 se formou na Central Saint Martins, uma das escolas de moda mais prestigiadas do mundo.
Fonte: Vogue
Na apresentação do trabalho final ele já deu o que falar, e ali mesmo começou um burburinho sobre o seu futuro, principalmente depois da editora de moda e também estilista Isabella Blow comprar todas as peças que foram desfiladas e de certa forma apadrinhar McQueen, fazendo com que o britânico adotasse apenas o segundo nome como estratégia de marketing.
Dois anos depois Alexander McQueen abre sua marca e lança a primeira coleção de moda feminina.
Trilhando a carreira
Alguns anos depois do lançamento da label, McQueen rapidamente começou a ganhar visibilidade e importância no mundo da moda, tanto que em 1996 ele recebeu o título de melhor designer britânico.
O feito se repetiu no ano seguinte e mais tarde em 2001, no ano de 2003 ele ganhou não somente o título de melhor do seu país, mas também foi considerado pelo Council of Fashion Designers of America (CFDA) como designer do ano.
No mesmo ano em que recebeu o primeiro prêmio pelo British Council of Fashion, a Givenchy, que faz parte do Grupo LVMH, nomeou Alexander McQueen como diretor criativo da marca, ficando no cargo até 2001. Durante esse período ele teve diversos problemas com a chefia da maison parisiense, visto que sua criatividade não foi totalmente compreendida.
Fonte: Vogue
Na moda existe essa grande rivalidade entre o criativo versus o rentável, e isso foi uma das maiores lutas que McQueen teve que enfrentar durante seu tempo na Givenchy, ele chegou até dizer que o trabalho “limitava sua criatividade”. Ao mesmo tempo que ele estava à frente da Givenchy, ele também comandava sua marca própria. Ou seja, trabalho em dobro, pensando para duas marcas e com propostas completamente diferentes.
Após sair da Givenchy, o Grupo Kering comprou 51% das ações da casa e permitiu que o estilista expandisse sua marca, abrindo lojas em diversos lugares como, Nova York, Milão, Los Angeles, Las Vegas e outros.
Ele também não jogou apenas no campo da moda, mas fez projetos para artistas como David Bowie, onde ele desenhou os figurinos para a turnê do cantor em 1996/97, e produziu a capa do álbum Homogenic da cantora islandesa Björk.
Fonte: Vogue
As influências da mente criativa de McQueen
Alexander McQueen tinha fortes traços de personalidade e suas inspirações o ajudaram a ser quem ele foi, pelo fato de já ter trabalhado com alfaiataria e morar em Londres nos anos 80 - ainda no auge do movimento Punk -, a rua, as pessoas, a noite e o comportamento, tudo isso era levado em consideração.
Fã de carteirinha da Era Vitoriana, Alexander adorava fazer um jogo de opostos em suas coleções, abordando temas como: vida e morte, luz e escuridão, estranho e belo.
Lembra daquelas calças de cintura baixa que foram febre no final dos anos 90 e começo dos anos 2000? Então McQueen foi um dos responsáveis pela massificação dessa tendência.
Na época apenas algumas pessoas usavam esse tipo de calça, e quando ele apresentou a calça “bumster” nas passarelas ele vira a moda ao avesso, mudando diversos aspectos e criando uma relação de desejo ainda maior para os amantes da marca.
Você lembra também dos visuais do clipe de Lady Gaga em “Bad Romance”? No vídeo a cantora usa sapatos que lembram garras de lagosta - foi apresentado em uma das coleções de Alexander McQueen - , um marco também para ela que alavancou sua carreira depois do lançamento dessa música.
Outra marca registrada são as caveiras, quem é apreciador do trabalho de Alexander McQueen reconhece ao apenas olhar para uma bolsa ou clutch e saber que é dele. Aqui na Gringa a gente tem algumas dessas, confira:
Peça de teatro ou desfile?
Quem não ama assistir desfile, né?! Acredito que todos aqueles que têm pelo menos um pouco de interesse gostam.
Então, Alexander McQueen foi um dos precursores no sentido de trazer toda essa teatralidade às passarelas, seus desfiles eram lotados de fotógrafos querendo o melhor ângulo de cada momento. Já nas primeiras fileiras, estavam celebridades e editores de moda das grandes revistas, prontos para mais uma apresentação dele e contemplar o fashion show. Havia até briga para entrar nos desfiles de McQueen.
A cada desfile ele conseguia inovar e chamar a atenção do público, havia de tudo. Borboletas, pássaros, água, saltos enormes, máquinas. Em 2006 ele projetou um holograma da modelo Kate Moss na passarela. Para Alexander o desfile não era apenas 20 ou 30 modelos em uma passarela retangular indo e voltando, mas sim um espetáculo a ser visto, lembrado e marcado.
Fonte: Vogue
Não é à toa que hoje em dia todos lembram de um desfile icônico do estilista, aquele em que a Shalom Harlow está no meio da passarela e duas máquinas começam a jogar tinta spray no vestido branco, como se fosse uma tela de pintura. Essa imagem marcou o mundo fashion.
Fonte: Vogue
Ele também adorava subverter os paradigmas da moda, colocando modelos fora do padrão estipulado na época, além de cenários bizarros e chocantes. Ele sabia como mexer com o imaginário das pessoas e esse era um dos diferenciais do estilista, elevar o patamar da moda e abordar assuntos que outros colegas de ramo não falavam.
Até porque moda também é um recurso que pode e deve ser utilizado para entregar uma mensagem ao público, e a mensagem de McQueen era de mudança.
Fonte: Vogue
A casa McQueen
Depois que o estilista foi encontrado morto em sua própria casa, as investigações apontaram que ele havia cometido suícidio. Alguns anos antes ele havia perdido sua amiga Isabella Blow e em 2010 sua mãe também faleceu.
Mesmo depois de todos esses acontecimentos, a marca dele continuou viva e sendo comandada por Sarah Burton que também era amiga de McQueen.
A estilista britânica se formou na Central Saint Martins e trabalhou com ele durante 14 anos. Ela foi responsável por desenhar o vestido de casamento de Kate Middleton com o príncipe William. Até hoje ela está na frente da direção criativa da marca e consegue imprimir seus próprios traços e de seu fundador a cada coleção.
#DicaDaGringa
Na Globo Play tem um documentário super legal que mostra alguns takes do estilista e entrevistas com pessoas próximas a ele, família e amigos. Vale super a pena assistir, tem também outro documentário disponível sobre ele na HBO, assiste e depois conta pra o que você achou.
Escrito por Jefté Leal