Dia Mundial da Água: a fluidez no avanço dos produtos ecológicos no mercado de luxo
Março é um mês que nos convida a olhar em dobro para os impactos gerados pela moda, principalmente quando o assunto sāo os artigos de couro, uma das matérias-primas de maior impacto negativo no planeta.
Historicamente esse material causa grandes e contraditórias polêmicas: ao mesmo tempo que ocupa o lugar de uma das médias-primas mais consumidas e luxuosas, é também um ponto crítico do consumo atual, nāo só pela crueldade animal, mas também pela preocupaçāo dos organismos individuais e coletivos.
Segundo a WWF, a criação de gado para produção de carne bovina e couro é responsável por 80% do desmatamento da Amazônia e somente a pecuária é responsável por cerca de 19% do total mundial de emissões de gases com efeito de estufa.
Já o curtimento de couro, é comumente terceirizado para países em desenvolvimento, que contam com condições precárias, pouca segurança e baixa proteção da māo de obra, que está constantemente expostas a produtos químicos extremamente tóxicos e cancerígenos. Em Bangladesh, por exemplo, segundo o eCycle, 90% dos trabalhadores dos curtumes morrem antes dos 50 anos.
Com o dia da Conscientização das Mudanças Climáticas (16/03) e o dia Mundial da Água (22/03), ao invés de apenas olharmos para os números devastadores dessa indústria, escolhemos também olhar para o futuro: atualmente, o mercado de luxo conta com marcas pioneiras em inovações têxteis que além de serem uma grande soluçāo para a poluiçāo da atmosfera, lençóis freáticos e solo, também marcam um grande compromissos de longo prazo com a sustentabilidade, a circularidade e as práticas regenerativas.
FOTO: JADEN HATCH
Diferente do grande parte das pessoas acreditam, os materiais sintéticos nāo sāo a melhor opçāo de substituiçāo para as peles animais já que sāo feitos à base de petróleo e diversos outros produtos químicos de alta toxidade, além de contarem com processos altamente poluentes e que utilizam de combustíveis fósseis.
As melhores escolhas alternativas sāo as matérias-primas ecológicas que hoje, possuem três principais origens: animais, vegetais e orgânicas, que podem ser confeccionadas através de diferentes tecnologias, como o reaproveitamento ou a reciclagem, por exemplo.
FOTO: STELLA MCCARTNEY
Com a mesma preocupaçāo, a produção de materiais ecológicos prevê o uso racional da água e energia, além de um controle rígido na geração e emissão de poluentes, por vezes, apresentando baixa ou nenhuma emissão, seja de gases, resíduos sólidos, efluentes, dentre outros.
Portanto, o uso dos ecoprodutos promove uma limpeza no meio ambiente, eliminando resíduos que prejudicam o solo, o lençol freático e a atmosfera.
Atualmente, grandes marcas do mercado de luxo sāo pioneiras em inovações como essas, que além de livres de origem animal, causam um impacto positivo socioambiental. A Stella McCartney, referência no assunto, trabalha com diversas alternativas à pele animal feitas à partir de uma combinação entre materiais naturais virgens, resíduos agrícolas reciclados e outros insumos renováveis.
FOTO: STELLA MCCARTNEY
Tudo pode ser reaproveitado ou regenerado, desde os caules das uvas, como na recente colaboraçāo do material VEGEA, com a Veuve Clicquot, marca do grupo LVMH, até o micélio combinado com algodões orgânicos e regenerativos (certificados pela USDA e apoiados pela California Cotton & Climate Coalition), como acontece na fabricaçāo do Mirum®, uma das principais matérias-primas utilizadas pela marca desenvolvida juntamente à NFW.
FOTO: STELLA MCCARTNEY
O impacto dos produtos vāo além de suas origens: o Mirum®, por exemplo, apoia 5 das 17 metas estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, também conhecidos como ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), que sāo:
6. Água Limpa e Saneamento
8. Trabalho Digno e Crescimento Económico
9. Indústria, Inovação e Infraestrutura
12. Consumo e Produção Responsável
14 Vida Abaixo da Água
Geralmente livres de PVC, alumínio, petróleo, solventes, amianto e compostos orgânicos voláteis, os materiais ecológicos sāo um compromisso de longo prazo com a sustentabilidade, a circularidade e as práticas regenerativas e, apesar de utilizarem baixos níveis de água em sua produçāo e serem infinitamente menos poluentes, dependem de uma vasta pesquisa, diferentes tipos de incentivos e um alto investimento em recursos e tecnologias, vantagens que empresas do mercado de luxo dispõem.
O luxo de fato sai caro, mas nós podemos escolher qual preço queremos pagar, nāo apenas do que consumimos, mas no planeta que habitamos.